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“Crack” um caminho de difícil volta

“Crack” um caminho de difícil volta

15/04/2013

Considerando as constantes prisões de traficantes de crack que ocorre em Foz do Iguaçu, sobretudo com a utilização de menores de idade como fornecedores desta droga, necessário se faz a utilização deste meio de comunicação para esclarecermos algumas coisas sobre esta droga que é um flagelo social, que não escolhe classe social.

Quando ela chegou no Brasil, seu uso estava restrito à classe baixa, aos pobres, em razão do seu baixo custo.

Os primeiros usuários foram os moradores de rua viciados em álcool, maconha ou em cheirar cola. Viram no crack um instrumento barato para esquecer seus problemas, suas aflições. Nesta época, as Autoridades pensavam que o crack iria ser consumido apenas pela baixa classe social.

Ledo engano. O Crack expandiu-se rapidamente em todas as classes sociais, virando uma epidemia difícil de ser controlada. Constantemente nós vemos matérias na imprensa com as seguintes manchetes:

"Mãe chora a perda do seu filho para o crack"; "Mãe acorrenta filho viciado em crack"; "Viciado em crack assalta lotérica em plena luz do dia"; "Viciado em crack pratica suicídio", etc.

Estes viciados estão queimando suas vidas nos cachimbos do crack, essa é a triste realidade na pessoa que mergulha no mundo do crack.

O crack surgiu no início da década de 80. Ela é uma mistura de cocaína (aproximadamente 50%) com outros produtos extremamente nocivos à saúde, tais como, ácido sulfúrico, querosene, gasolina ou solvente e cal virgem, que, ao serem processados, se forma uma pasta endurecida homogênea, branca-caramelizada.

Sua maneira de ser consumida é o fumo, podendo ser fumada em um cigarro comum, num de maconha ou mesmo de maneira pura. Seus principais efeitos são a depressão, inquietação, euforia e ansiedade, sendo que ela chega ao cérebro rapidamente (cerca de 15 segundos).

E é graças a esses efeitos que faz com que o usuário queira repetir a experiência.  Com isso, infelizmente, num curto espaço de tempo, o usuário se torna viciado. O fato desta droga ser misturada com as substâncias acima citadas, a sensação de prazer não existe mais.

O que existe, após a inalação da droga, é sensação de cansaço, falta de apetite e depressão, havendo necessidade de se fumar mais e mais. Via de regra, quem usa crack, anteriormente fez uso do álcool, maconha e cocaína, nesta ordem.

Objetivando atingir o atual índice de consumo desta droga, no início dos anos 90 os traficantes elaboraram e executaram o plano de diminuir do mercado a oferta de cocaína e da maconha para "apresentar" a nova droga: o “Crack”. Vendida em pequenas (e leves) pedras, o crack é mais lucrativo que as outras drogas.

Os viciados nos relatam que no momento em que se passa a fumar crack, a vida vira um inferno, dando a sensação de que a droga está te matando lentamente. O usuário/viciado perde a família, amigos, emprego, chegando no fundo do poço, no inferno.

O viciado fuma o crack para dormir e acorda para fumá-lo. Esta pessoa vive em função da droga, se que torna um "zumbi". Para poder consumir mais e mais esta droga, o usuário/viciado pratica furtos, roubos, homicídios, enfim, é feito de tudo para sustentar o vício.

A trajetória de crimes praticados pelo viciado em crack é sempre a mesma, qual seja, ele começa a se desfazer de objetos da sua própria casa, vendendo ou trocando pela droga; posteriormente, pratica furtos na cidade; depois, roubos; chegando a homicídios e latrocínios.

Triste e criminosa realidade. Ao viciado, basta sair na rua que dá vontade de usá-la. Esta droga arruína a vida das famílias que convivem com usuários/viciados, aumenta a criminalidade onde ela é consumida, matando mais do que todas as outras drogas juntas.

Já na primeira experiência, o usuário pode se viciar, sendo que seus efeitos podem ser sintetizados em duas palavras: sofrimento e morte. O sofrimento é o dia-a-dia de um viciado e a morte é seu futuro próximo.

O "crackudo" ou "crackento", expressões utilizadas de forma pejorativa ao usuário/viciado de crack, em razão do consumo da droga, tem sua saúde debilitada rapidamente, podendo sofrer infarto, hipertensão, AVC, câncer na garganta, parada respiratória e cardíaca, perder sua dentição, em razão do ácido sulfúrico, perda substancial de peso, bem como outras consequências avassaladoras.

Em suma, a vida do viciado em “Crack” é curta. Para se ter uma idéia, o traficante, sabendo dos efeitos do crack, dificilmente faz uso dessa droga, fato não ocorrendo com outros tipos de drogas, a exemplo do álcool, maconha e cocaína.

O tratamento dos viciados em crack é extremamente difícil, havendo muitas recaídas, afinal, via de regra, o viciado nesta droga também é viciado em outras menos lesivas.

O fator decisivo na recuperação é a participação da família do viciado nesse doloroso processo de tratamento. Contudo, o problema é que muitas vezes o viciado em crack é indesejável dentro da própria família. Em razão do apresentado, este Delegado de Polícia dá alerta à sociedade de Foz do Iguaçu e região: delatem para os poderes constituídos, sobretudo para as Polícias Civil, Militar, Federal e Guarda Municipal, o tráfico de drogas na cidade.

As Polícias não têm uma bola de cristal para visualizar onde o tráfico está ocorrendo, sendo extremamente importante a participação da sociedade no combate a esse comércio que está acabando com uma parcela considerável da juventude da cidade. Considerando o difícil tratamento ao viciado em crack, certamente que é melhor um grama de prevenção (ou seja, é melhor não experimentá-la), do que um quilo de tratamento.

 

Por Matheus Araujo Laiola, Delegado de Polícia da Delegacia do Adolescente de Foz do Iguaçu, ex- Delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, pós-graduado em Direito Constitucional e em Segurança Pública, pós-graduando em Gestão Pública e em Investigação Criminal.

 

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